
A PÁSCOA NO NOSSO MUNDO  PARTICULAR
As grandes  celebrações cristãs geram grandes mobilizações do comércio  
A Páscoa é o dia mais importante para os cristãos, pois, comemora-se a  Ressurreição de Jesus Cristo, a passagem da morte para a vida. A Igreja celebra  a morte redentora de Jesus e a Ressurreição d’Ele, por meio da qual a esperança  de uma vida nova foi resgatada. Pensar em morte e ressurreição, quando gozamos  de plena saúde, pode parecer viver alguma coisa que está muito além do nosso  tempo. Afinal, espera-se por algo que somente deverá acontecer após a nossa  morte... 
O tempo – que antecede a Páscoa – é chamado de Quaresma, período de  especial preparação, no qual a Igreja caminha com os fiéis para a prática da  conversão cotidiana e mudança de vida. Pode-se pensar que o tempo quaresmal é  para ser vivido apenas por aqueles que estão na Igreja, para os “carolas”,  chamados por alguns de radicalistas ou retrógrados. Mas esse tempo de “retiro”  nos ajuda a ler as páginas de nossa vida sob a luz d’Aquele, que nos chama a nos  aproximarmos d’Ele. Além da nossa alma, muitas outras coisas precisam ganhar  vida nova em nós, tanto no convívio, como nas responsabilidades e procedimentos.  
No decorrer de nossas vidas percebemos que, muitas vezes, somos  influenciados por situações ou pessoas. Algumas influências são positivas;  outras, nem tanto. Sem muito esforço, notamos que aquilo que antes era  importante, hoje deixou de sê-lo; que o que era tido como falta grave, com o  tempo, passou a ser tido como natural para muitos, mesmo que isso implique no  prejuízo de outrem; não importa, desde que se obtenha algum lucro. Da mesma  forma, o que era defendido com ardor – como, por exemplo, a vida – passou a ser  considerada, muitas vezes, como estratégia de marketing sócio-político.  
Às vezes, aceita-se com tranqüilidade algumas questões polêmicas, as  quais sutilmente minimizam o peso de um compromisso. Se houver repulsa quanto a  esses conceitos, não se hesitará em condenar a Igreja como aquela que atravanca  o “progresso”. Assim, a vida vem sendo mergulhada num mundo cinzento, com a  falta de esperança e de valores. 
É interessante notar que nas grandes celebrações cristãs acontece também  uma grande mobilização do comércio. Para a indústria e o comércio, os quarenta  dias, que antecedem a Páscoa, significam preparar-se para uma maior produção de  chocolate. Para a imprensa, significa noticiar o crescimento das vendas –  comparadas ao ano anterior – e o corre-corre nos supermercados e lojas. E o  comércio se transforma em grandes estandes ofertando uma imensa variedade de  ovos de chocolate, que seduzem crianças e os preços assustam aos pais. Sedadas  pelas doces abordagens, promovidas pelo comércio, muitas pessoas se limitam a se  recordar das festas cristãs somente como tempo para se presentear.  
Não se pode negar que somos também envolvidos por toda essa articulação  vinculada pela mídia – associada às estratégias do comércio. Neste ano, podemos  mudar este cenário buscando viver essas celebrações de forma diferente, mudando  nossas vidas e atitudes. 
Muitos fiéis aguardam, em vigília, a Ressurreição de  Cristo. Nós também devemos esperar por isso e nos abrir para que essa  ressurreição também aconteça em cada um de nós, em cada mundo particular, em  nossa maneira de pensar e de agir. De forma a permitir que esta mesma  ressurreição brilhe em nossos olhos para que percebamos nossa própria realidade.  Dessa maneira, pouco a pouco, percebemos que o que deve nos animar não é somente  o instinto de sobrevivência, mas o Espírito Santo de Deus, que nos sustenta e  nos estimula a crescer na graça de sermos filhos do Altíssimo.