quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Saber reconhecer o valor do outro

Setembro é o Mês da Bíblia!!!

"Somos cristãos somente se encontramos Cristo. Não certamente como aconteceu com Paulo, de modo irresistível e luminoso. Mas também nós podemos encontrar Cristo na leitura das Sagradas Escrituras, na oração, na vida litúrgica.(Papa Bento XVI)

Saber reconhecer o valor do outro

O nosso ser é cheio de vida. Dele rebentam coisas lindas, cheias de vida! Correspondem as qualidades e potencialidades, virtudes e riquezas, dons e graças que existem latentes no nosso ser. Há vida em nós. Vida abundante. Força latente em nós.
Mas veja bem: Somos no cerne de nós mesmos. Isso tudo, porém, não se concretizou ainda. Há uma vida latente em nós, mas não se realizou ainda concretamente. Há uma enorme força de vida. Essa força se manifesta em aspirações. São como os brotos do tronco de uma mangueira. Os brotos novos que rebentam do tronco da mangueira não são ainda galhos, muito menos tronco; assim como são brotos, apenas brotos e não têm ainda flores e não dão ainda frutos; igualmente, essas aspirações em nós são reais, correspondem ao que somos no cerne de nós mesmos. Assim como a mangueira tem tudo para ser galho forte, dar flores e frutos, só que ainda não dão. Não somos capazes ainda. São apenas aspirações. Aspiram se tornar. Aspiram se concretizar.
Olhando de frente as aspirações percebemos que elas são reais. Existem porque irrompem do que somos. Só que, no concreto, não conseguimos realizá-la ainda. Pelo menos não o conseguimos na totalidade. Não atingimos ainda a radicalidade aspirada. Não conseguimos concretizar ainda tudo que aspira viver em nós. E isso causa um conflito interior. Conflito entre a aspiração e a nossa realidade atual. Brigam em nós duas realidades: a aspiração que é real e o não conseguirmos concretizar ainda e o que aspiramos, o que também é real. Este conflito é real. Isso acontece com todo o ser humano. É um processo natural.
Posso dizer que todas as pessoas fazem muitas coisas boas, corretas, lindas, dignas de louvor, dignas de elogio: dignas de serem faladas. São feitos, verdadeiras façanhas de nossos irmãos que poderiam nos levantar e entusiasmar. São feitos "edificantes", isto é, que edificam, que constroem a nós e ao corpo todo.
Não sabemos como tratar isso tudo que sentimos e que luta dentro de nós. O mínimo que acontece é ficarmos muito confusos. Ficarmos decepcionados. Decepcionados conosco mesmos. Decepcionados com a situação. Decepcionados com a realidade. Mas como é muito duro viver esse conflito e essa decepção conosco mesmos, a reação inconsciente e imediata é refletir nos outros e no ambiente, o que no fundo não aceitamos em nós.
Refletir aqui é um termo bem apropriado: ele explica bem. Acabamos refletindo nos outros e no ambiente o que se passa em nós. Espelhamos neles. Eles se tornam espelhos. Mas espelhos da nossa realidade. Vemos neles o que se passa em nós. O interessante é que vemos mesmo. Acontece igualzinho ao que se passa com o espelho. O que não conseguimos ver e entender em nós mesmos acabamos vendo nos outros e no ambiente. Veja: esse processo é inconsciente; sutilmente inconsciente. Nós nem imaginamos que estamos procedendo assim. Acabamos nos capacitando de que as pessoas que nos rodeiam e o ambiente em que vivemos são realmente assim "como vemos".
Fonte:CN