quinta-feira, 2 de julho de 2009

AMOR, PERDÃO E PARTILHA


AMOR, PERDÃO E PARTILHA
Não quer saber de amar
Nem sabe perdoar.
Quer tudo e não sabe partilhar!

Já vimos que o pecado de fato deixa muitas marcas em nossas vidas. Algumas pessoas o comparam com aquela mancha que fica em sua roupa e que você não consegue tirar. A reparação é justamente o conserto para esta situação. É a possíbilidade de limpar completamente as nossas vidas desta erva daninha que tem raízes profundas e que dói e incomoda: o pecado.

Existem três grandes manchas que o pecado deixa em nós. Ele impede a gente de amar, não nos deixa perdoar e o pecador não consegue partilhar. Amor, perdão e partilha são três formas de viver a santidade. Quem é refém do pecado não consegue viver estas virtudes. Ao invés de amar, sente inveja e rancor; no lugar do perdão vem a vingança; e sem pensar em partilhar!!! O pecador quer tudo somente para si.

Negar o amor é trágico na vida de qualquer ser humano, pois somos filhos do Amor. Lembro que Deus é amor e quem permanece no amor permanece em Deus. Um amigo meu costuma dizer que filho de peixe, peixinho é… filho de Amor, “amorzinho” é. Somos fundamentalmente feitos desta essência amorosa. Atenção! Amor não é gosto ou paixão. É dar a vida. É querer o bem do outro. Paixão é querer o outro para o meu próprio bem. Os namorados às vezes repetem a frase mais famosa dos romances: “Eu te amo”! Mas no fundo estão querendo dizer: “eu gosto de ti”. Pedro, o apóstolo que acabou se tornando o primeiro papa do cristianismo, teve que responder três vezes à incômoda pergunta do Mestre: “Pedro, tu me amas?!” As Bíblias são generosas com Pedro e traduzem sua resposta como: “Sim, tu sabes que eu te amo!”. Mas quem sabe grego e lê no original encontra outra resposta: “Sim, Senhor, eu gosto de ti!” É claro que Jesus não ficou satisfeito com a resposta e repetiu a pergunta. Infelizmente o apóstolo sincero repetiu três vezes a mesma coisa. No final da vida, dando a vida pelo Reino, diz a tradição que ele teria pedido para ser crucificado de cabeça para baixo po ter negado o Mestre três vezes. Seu gesto falou mais do que mil respostas. O amor é assim… é feito de atitudes e não de poemas e canções. Posso dizer que amo a Deus e aos irmãos. Mas, como dizia Dom Bosco, não basta amar é preciso demonstrar”.

Quando estamos no pecado pecar é pesado demais. Até um elogio se torna motivo de fadiga. Os casais sabem do que estou falando. Quantas vezes existem manchas de pecado entre marido e mulher. Ela chega com um penteado novo e ele nem percebe… Amar exige sensibilidade nas coisas mais banais.

O pecado é como um peso que carregamos nos ombros e no coração. Ele torna o mínimo gesto de amor uma obra muito pesada. No fundo a raíz do pecado é o egoísmo e a auto-suficiência. Isso é um grande problema, pois achamos que podemos sair da situação sozinhos. Quando estamos no pecado nossos olhos se turvam e pensamos que somos “deus”. Este “complexo de onipotência” nos rouba de nós mesmo. Perdemos a identidade e a felicidade vai se tornando cada vez mais distante. Pecado é como um espelho manchado. Já não conseguimos nos ver e nem nos amar. É preciso limpar esta sujeira e então seremos livres… livres para amar!

É isto. O pecado nos escravisa, pois não nos deixa ser quem de fato somos. Podemos dizer que o pecador é escravo do egoísmo, por isso é uma pessoa triste, oprimida. Lembre do jovem rico que não consegiu seguir Jesus, pois era escravo das riquezas. Os religiosos, neste sentido fazem voto de pobreza. Denunciam a pecaminosa idolatria do Ter, e declaram em sua vidas que a libertação vem quando somos livres em relação às coisas.

Por isso quem peca não sabe partilhar. Quer tudo somente para si. Parece que tudo o que tem ainda é pouco. Na verdade ele se confunde com as coisas que tem. Acha que o dinheiro e os bens é que lhe darão felicidade. Conheço pessoas que quando estão em alguma situação de pecado, são obrigadas a visitar alguma loja ou até Shopping Center para comprar alguma coisa. Sentem um alívio momentâneo em sua tensão. Mas logo ficarão tristes novamente e terão que comprar mais.

A felicidade vem da partilha. Mas o pecador não consegue abrir a mão. E esse é o seu fim. Lembro que li certa vez em minha infância que na África se pegam macacos colocando frutas em côcos vazios presos a uma árvore. Como? O pobre macaquinho não tem uma faculdade fundamental do ser humano, chamada reversibilidade, ou seja, pensar para trás. Ele vai buscar o alimento e acaba colocando a mão no côco. Porém, os caçadores têm a esperteza de fazer o orifício de tal forma que a mão dele entra aberta mas não sai fechada. O bichinho, que não pensa para trás, pega as frutinhas e não consegue abrir a mão. Resultado: acaba presa fácil. O pecador também é presa fácil. Ele não sabe abrir a mão. Não consegue partilhar. Dizem que a caridade cobre uma multidão de pecados. Claro. A partilha é uma forma de penitência. Mas o que ocorre é que o pecador não consegue abrir a mão. O pecado paralisa o seu potencial de partilha.

A solidariedade com os pobres é uma forma muito eficiente de libertação das raízes do pecado. Por isso a Igreja na América renovou, na Conferência de Aparecida, a “opção preferencial pelos pobres”. A solidariedade é uma forma de enfraquecer o pecado que nos deixa com as mãos fechadas. Abrir as mãos é uma forma de abrir também os corações. O pecado não resiste a este gesto. Quando você sente que o pecado quer lhe destruir, experimente visitar doentes, ou fazer um gesto concreto de caridade. O efeito é impressionante. Partilhar é uma forma infalível de libertação.

Mas devo dizer que existe um efeito do pecado pior do que o orgulho e o egoísmo. É a difuldade de perdoar. O pecador sente que seu coração pede vingança. Entramos neste círculo vicioso da violência… do olho por olho e dente por dente. A libertação virá somente com o perdão. Quantas vezes guardamos magoas por muitos anos. Elas ficam como roupa suja em um armário. Imagine o que aconteceria até com as roupas boas, se uma camisa suada fosse colocada ali sem ser lavada. Criaria mofo e mau cheiro. É assim o coração do pecador: mofado e triste. Perdoar é o terceiro gesto de libertação que pode nos libertar das garras do pecado.

O pecador não quer saber de amar, nem sabe perdoar, quer tudo e não sabe partilhar. É a desestruturação total da pessoa. Outros efeitos são mais fáceis e rápidos de sentir, como o stress e a doença. Acredite, o pecado causa tudo isso. Por isso temos que dar um basta e procurar a confissão, que é o refúgio dos pecadores.

O remédio que podemos passar na ferida é a ternura, a partilha e o perdão. Experimente, e você encontrará a fórmula da “reparação”. Estes “remédios” curam o nosso coração de todo pecado. São como pomada em uma dor insistente. É preciso passar com perseverança. A terapia curará o doente. Praticar todos os dias o amor, o perdão e a partilha, também curam nosso coração. Experimente!

Fonte : Padre Joãozinho-CN

Ore agora, pedindo que o amor de Deus jorre
através de seu coração:

Pai bondoso, desejo exercitar hoje a lição do perdão. Peço-te a graça da vigilância, para estar atento a toda oportunidade de derramar o teu amor sobre aqueles que hoje passarem por mim e deixarem marcas em meu coração.

Recorda-me nessa hora, Senhor, que o teu Filho Jesus já tomou sobre si toda vergonha, toda humilhação, toda injustiça, toda perseguição, a fim de que eu ficasse livre e capaz de retribuir o mal com o bem. Pai, em Nome de Jesus, hoje vou exercitar o meu direito de perdoar, para permanecer em paz contigo e com todos, abrindo meu coração para todas as bênçãos do céu.

Oro, agora, por todos os que estavam prisioneiros no meu coração (talvez seja bom recordar especificamente algumas pessoas, não é?).

Permito chegar até eles o sangue de Jesus derramado na cruz. Obrigado, Pai, porque esse sangue bendito e salvador foi derramado igualmente por mim e por eles, pelos meus pecados e pelos pecados que me feriram. Obrigado, Pai, porque a paz pode voltar a reinar em meu coração, pela graça do perdão que flui hoje em mim.

Muito obrigado, Senhor.